um pouco do que me interessa
domingo, 15 de agosto de 2010
Foi apenas o sono no carro
Ouço uma língua desconhecida
um piano toca
um casal discute
um no chão impotente
outro bebendo de pernas cruzadas ,bebendo
escute!
"escute meu amor,o gelo do copo derrete
suas chantagens e dramas terão fim ,quando o último gelo derreter
uma mulher conta sua vida com uma rosa na mão
cada dia pego uma rosa
vou de frente para a janela e falo sozinha
há uma câmera me gravando
há uma câmera nos gravando
cantemos a canção que não é da nossa língua
cada dia parece que tem uma sinfonia de copos
moço,para ali mais à frente
me deixa no zoológico
eu quero ficar olhando os rinoceronte pegando chuva
quero ouvir os elefantes de longe
quero temer que meu corpo caia perto da grade do leão
quero ver a macaca abraçando um filhote e o protegendo
despertei no carro
não me enchi de nenhum tipo de esperança
se deixou a lâmpada mal colocada
ficara
e não tenho vontade que venha arrumar
tentei deitar e me vi
de pijama azul
aquele pijama me lembra doença
eu doença amor
eu doença de um julho intragável
caminhando pela Borges
com o amigo paciente
parece que não resolvi
aquela parte da vida
o que você está olhando?
sim,eu em maquio pelas manhãs
e tenho vontades inesperadas de lavar a louça suja
eu tenho falado com os cães na rua
até demais...
como se me entendessem
ou como se não quisesse que alguém entendesse
ou como se não tivesse o que entender
pontos de desconfiança se imprimem nos dias
me disseram que você não existe
que é impossível
que só fugirá
como todos dragões
ou semi dragões
não quero acreditar
dizem que quando deixamos de procurar e cansamos
aparecem
tive perto
uma quase perfeição
sabia de teatro
tocava piano
aquela trilha para a garotinha do balão
era amigo
morava num bairro bonito
numa cidade bonita
tudo tão bonito
e ficou como aquela cidade de São Paulo
mas passou
como tudo tem passado
tudo tem passado
passado
ninguém te cheira no colo
vou dançar com os homens
vestidos de cabeças de zebras
leões
cabras
vamos por luzinhas de natal pela casa
encher o chão de almofadas
as paredes de quadros
o corpo de camisetas divertidas
os pés com um tênis preto
tudo que se é desejado
tempo de desejar
mesmo que não se tenha
fazendo o arroz...será que eu era mais feliz antes e não sabia?
uma mulher
se joga no sófa
batendo fortemente o corpo
volta e repete
se machucar
tiraria a dor de alguém sem explicação
uma forma de agonia
acordei
tinha um saco de por carne congelada
estava cheio
de água e pontos de exclamação
deveriam ter poltronas
grandes
macias
de cor verde água
verde
roxo
vermelho
na praça
e as pessoas
sentassem
e observassem
os passantes
e colocassem
sua trilha preferida nos ouvidos
outro pensamento:é mentira...eu nunca perdoei ursos...e nunca mais consegui aceitar o que fiz com ursos e o que falaram,julgaram...enfim..é tudo uma mentira...mas eu sou atriz,não?ursos decolam...mérito
farei assim
tomarei banho
e um dia
toque saxofone na minha porta
ah
todo mundo tem medo de se relacionar
de ser
ok
algumas pessoas
devo me incluir
a gente fica gelo
vou por um chão aqui e, casa
trocar o chão de madeira
vou por aquele com luz embaixo
ficar com calor e derreter
ser gelo
doe
pra ficar com coração leve
o homem do piano e voz doce
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Um comentário:
Enfim, retornas à tua sinfonia.
Escutava Beirut, enquanto lia, pareceu-me que tuas palavras se acomodavam melhor no texto, e senti a mesma satisfação de ler e ouvir, coisas que se complementam ...
Valeu !
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