um pouco do que me interessa

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Um grande hiato



"O pessimismo passou, mas o bom propósito não: farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo, por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz...
Também é bom porque em geral se pode ajudar muito mais as pessoas quando não se está cega de amor."
- Clarice Lispector


Vejo pessoas vazando
deixando
desistindo
de alguém,de algo
Eu vejo pessoas trabalhando demais por sonhos
e elas falam com pressa
Eu corro atrás do que meu peito anseia
Eu sinto um branco
umas reticências
eu sinto que tudo tá meio café expresso
e eu odeio café


Não me importei de molhar as sacolas e os cabelos ao sair do supermercado
Menti para a chuva que ela não me assustava
Esta cidade parece que esta a criar sapos
Não vejo mais o chão nas ruas,somente as poças
Conseguimos andar com preguiça ,eu eo cão, pela rua ainda seca

o cabelo está ficando mais claro
sonho que coelhos tomam conta da casa
uma supresa inesperada
nos sonhos estou sempre ansiosa perguntando
o vizinho faz barulho demais como se tivesse virado um gigante
avistei que a vizinah tem gatos na janela
pensei em comprar um trevos
por na sala
será que traz sorte?
você tem um teto
você tem uma estufa aquecendo a casa
um cão
uma grana na conta
um palco
que falta?
eu sei a resposta,mas eu brigo todo dia
para dar um stop nesta idéia
eu posso ficar com o cabelo molhado até a hora que eu quero
ninguém dirá "seque as costas"
ou eu sinto falta que digam "seque'?

recebo saudades por mensagens
as saudades tem ficado em palavras

não posso ver a vida na tv
eu choro por dentro
eu me sinto melosa
eu vi a mãe enterrando o filho
senti o soco no estômago
ao perder meu pai amigo


O garoto de fone nos ouvidos
Era a roupa?
Era o cabelo quase castanho claro e as costeletas bem feitas
A pele branca?
O jeito meigo
O ar magro
Acabei de suspirar
como no filme francês que rolava aqui ontem em casa
Caminhei pelo supermercado com pressa
e pela sessão de bebidas
avistei um garoto de fones nos ouvidos
O que será que ele escutava?
Meu carrinho de supermercado fazia dança pelos corredores
Tudo parece aquele filem"minah vida sem mim"
as pessoas dançam no supermercado?
Diminui o passo e o namorei de longe
Já que não em levo mais para chover
Já que deixei as borboletas fora do estômago
Então fiquei ali
olhando
e ele compra tudo como se fosse para dois
até as maçãs vermelhas em sacos
ele comprou
as que eu detesto
Mas dancei por um momento no dia
Ainda ouso olhar para pessoas
Mesmo que às vezes me sinta a geladeira

Tenho impressão que passo pelas mesmas pessoas no supermercado
E de propósito bato em seus carrinhos
Para escutar suas vozes

O garoto que corta minah fatia de bolo semanal
Tinha os olhos de criança
Achei tão belo


Sinto que há um breve hiato

E sobre :se um dia me deixarei chover
Então isso não depende somnente de mim
Dependo do acaso
Depende de alguém
Que venha doce

Dizem
ou eu que me encho, de uma certa esperança medrosa
Que alguém vêm pela primavera
A gente ri do amor quando ele não vem

mas estes dias de sapo
me afastam da rua
me afastam das probablidades

fico somente neste mundo cinema
suspirando na cama
vendo princípes beijarem princesas
casais brigando e fazendo as pazes
tudo num clima francês
muitas lágrimas
muitos beijos lentos
muitos olhares
e eu me despeço e durmo

é...há um grande hiato nisso tudo

"Mas você está sozinho, e isso não chega a doer, mas é triste. Então você abre a janela para o ar muito limpo, depois da chuva. Você respira fundo. Quase sorri, o ar tão leve: blue."
- Caio Fernado Abreu

Um comentário:

Joshuatree disse...

Teus textos,me parecem roteiros de videos musicais,impossível não ficar imaginando momentos e situações ...
Gosto mesmo de te ler, tenho a sensação feliz, de quem participa.

Obrigado.

Bj no coração.